18 março 2016

Veja como funciona o grampo telefônico

Após a justiça determinar o grampo no telefone do ex-presidente Lula, levantam questionamentos sobre como o método funciona.

Depois de receber a determinação judicial, a técnica é colocada em prática pelas operadoras de telefonia. São elas quem grampeiam as linhas e passam a monitorar as ligações realizadas e recebidas. Para isso, as empresas utilizam softwares específicos desenvolvidos por empresas de tecnologia e feitos “sob medida” para cada companhia. Todo a engenharia é legal do ponto de vista jurídico.

Diretor do Instituto Brasileiro de Peritos, Giuliano Giova contou a reportagem do portal Motherboard que a PF não realiza qualquer tipo de interceptação, mas que recebe as interceptados por softwares de outras empresas e as armazena em programas como o Sistema Guardião, da Digitro. O programa não pode ser comercializado ou utilizado por empresas privadas, já que é capaz de obter acesso à centenas de linhas de forma simultânea.

O funcionamento acontece de forma simples. Após a emissão da ordem judicial de interceptação das linhas de algum suspeito investigado por departamentos policiais, as operadoras são instruídas a enviarem os dados e os áudios obtidos para as autoridades. Depois que tudo é feito, o backup das escutas é destruído.

Dessa forma, segundo a reportagem, o processo todo é feito em poucos minutos. Basta acessar o software, digitar o número do telefone que será grampeado, preencher uma senha e um campo de justificativa informando o motivo do grampo e pronto.

O jeito mais simples de evitar que as conversas sejam ouvidas por terceiros é utilizar mecanismos de criptografia, como aplicativos, por exemplo. Ao fazer o uso desta tecnologia, muito possivelmente os áudios obtidos pelas autoridades competentes estarão comprometidos com ruídos e distorções sendo necessárias as chaves de acesso para decriptar os arquivos e deixá-los "limpos".

Mesmo assim, nada pode se esconder da justiça, com o telefone criptografado, a polícia Federal pode passar por cima da criptografia, tendo acesso as suas conversas de forma limpa e clara. Em uma reportagem feita pela TV Record, o delegado da Federal mostra uma das salas mais protegidas do prédio, onde contém várias máquinas ligadas ao mesmo tempo que tem capacidade de tentar milhões de senhas por segundo. Em maioria das vezes o processo é feito com sucesso.